O autismo é descrito como uma síndrome comportamental com causas múltiplas, decorrente de um distúrbio de desenvolvimento. É caracterizado por déficit na interação social, ou seja, inabilidade para se relacionar com o outro, usualmente combinado com déficit de linguagem e alterações de comportamento. Os sinais e sintomas aparecem antes dos 3 anos de idade e, em cada 10.000 crianças, de quatro a cinco apresentam a doença, com predomínio em indivíduos do sexo masculino (3:1 ou 4:1).
Quais são as causas do autismo? As causas do autismo são desconhecidas mas diversas doenças neurológicas e/ou genéticas foram descritas com sintomas do autismo. Problemas cromossômicos, gênicos, metabólicos e mesmo doenças transmitidas/adquiridas durante a gestação, durante ou após o parto, podem estar associados diretamente ao autismo. Entre 75 a 80% das crianças autistas apresentam algum grau de retardo mental, que pode estar relacionado aos mais diversos fatores biológicos. Portanto, a evidência de que o autismo tem suas causas em fatores biológicos é indiscutível, fazendo-nos reconsiderar a idéia inicial de ligarmos o quadro de autismo a alterações nas primeiras relações mãe-filho.
Quais são as doenças relacionadas ao autismo?
Podemos listar uma série grande de doenças das mais diferentes ordens envolvidas nos quadros autísticos:
- Infecções pré-natais - rubéola congênita, sífilis congênita, toxoplasmose, citomegaloviroses;
- Hipóxia neo-natal (deficiência de oxigênio no cérebro durante o parto);
- Infecções pós-natais - herpes simplex;
- Déficits sensoriais - dificuldade visual (degeneração de retina) ou diminuição da audição (hipoacusia) intensa;
- Espasmos infantis - Síndrome de West;
- Doenças degenerativas - Doença de Tay-Sachs;
- Doenças gênicas - fenilcetonúria, esclerose tuberosa, neurofibromatose, Síndromes de Cornélia De Lange, Willians, Moebius, Mucopolissacaridoses, Zunich;
- Alterações cromossômicas - Síndrome de Down ou Síndrome do X frágil (a mais importante das doenças genéticas associadas ao autismo), bem como alterações estruturais expressas por deleções, translocações, cromossomas em anel e outras;
- Intoxicações diversas.
Quais são os sinais e sintomas do autismo?
A criança autista prefere o isolamento. O autismo é caracterizado por diversos distúrbios:
- de percepção, como por exemplo dificuldades para entender o que ouve;
- de desenvolvimento, principalmente nas esferas motoras, da linguagem e social;
- de relacionamento social, expresso principalmente através do olhar, da ausência do sorriso social, do movimento antecipatório e do contato físico;
- de fala e de linguagem que variam do mutismo total: à inversão pronominal (utilização do você para referir-se a si próprio), repetição involuntária de palavras ou frases que ouviu (ecocalia); e
- movimento caracterizado por maneirismos e movimentos estereotipados.
Existe tratamento para o autismo?
Hoje, o tratamento do autismo não se prende a uma única terapêutica. O uso de medicamentos, que antes desempenhava um papel de fundamental importância no tratamento (devido à crença da relação do autismo com os quadros psicóticos do adulto), passa a ter a função de apenas aliviar os sintomas do autista para que outras abordagens, como a reabilitação e a educação especial, possam ser adotadas e tenham resultados eficazes.
Quais são os medicamentos utilizados no tratamento do autismo?
As principais drogas que podem ser utilizadas no tratamento são:
- Os neurolépticos, utilizados para reduzir os sintomas do austismo. Têm uma resposta geral boa e conseqüente melhoria do aprendizado, embora possa apresentar efeitos colaterais como sedação excessiva, reações distônicas (rigidez mulcular), discinesia (alteração do movimento muscular) e efeitos parkinsonianos (tremor);
- As anfetaminas, utilizadas na tentativa de diminuir a hiperatividade e melhorar a atenção, mas têm como efeitos colaterais o aparecimento de excitação motora, a irritabilidade e a diminuição do apetite;
- Os Anti-opióides, utilizados no tratamento de dependência a drogas, têm sua ação principalmente em quadros de auto-agressividade. Provoca tranquilização, diminuição da hiperatividade, da impulsividade, da repetição persistente de atos, palavras ou frases sem sentido (estereotipias) e da agressividade, causando como efeito colateral a hipoatividade.
A utilização de complexos vitamínicos como a Vitamina B6 associada ao Aspartato de Magnésio, bem como o uso de Ácido Fólico, embora descritos por diversos autores, apresenta aspectos e resultados conflitantes.
Em que consiste a reabilitação da criança autista?
A propostas de reabilitação substituem os modelos psicoterápicos de base analítica das décadas de 50 e 60, quando a doença era considerada uma conseqüência de distúrbio afetivo. Esses modelos de reabilitação podem então ser caracterizados como: ·
- Modificação de comportamento;
- Terapia de "Holding";
- Aproximação direta do paciente;
- Comunicação facilitada; ·
- Técnicas de integração sensorial; e
- Treino auditivo.
Como é a educação especial para o autista?
Dentre os modelos educacionais para o autista, o mais importante, neste momento, é o método TEACCH, desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
- a) propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e a faixa etária do paciente;
- b) funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
- c) independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior autonomia possível);
- d) integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
Dentro desse modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades do paciente.
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Retardo Mental
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